Nesses quase 10 anos como educadora da rede municipal, pude perceber o quanto as disciplinas de história, geografia e ciências são deixadas de lado nos anos iniciais do Ensino Fundamental. O processo de alfabetização é tão cobrado por nós professoras, que esquecemos muitas vezes de aliar as outras disciplinas com a aprendizagem da leitura e da escrita.
Pensando nisso e querendo aliar minhas duas formações (pedagogia e biologia), iniciei um trabalho de alfabetização científica que envolve desde aulas expositivas e dialogadas até a observação e registro de experimentos. Os alunos, desde muito pequenos podem ser estimulados a pensar em ciências.
Por se tratar de um primeiro ano, priorizo ensinar por meio de imagens em apresentações de Power Point ou por meio de vídeos, já que nessa idade, é melhor mostrar do que apenas falar a respeito.
Já discutimos alguns temas a partir de apresentações de Power Point: água, tipos de seres vivos, necessidades das plantas, partes da planta, entre outros. A aguçada curiosidade dos alunos me faz a cada dia buscar mais temas associados a disciplina de Ciências.
No entanto, eu não me contentei em apenas mostrar imagens e explicar o porquê de alguns fenômenos. Eu queria que desde muito cedo eles aprendessem o processo de desenvolvimento do pensamento científico que envolve primeiramente a formação de uma hipótese inicial, a observação do experimento, a pesquisa e a construção da teoria.
Para isso, decidi usar uma lagarta. Peguei uma em uma planta que fica cheia delas aqui em frente a minha casa. Escolhi uma lagarta grande, que não precisasse de muito tempo e alimento para se tornar um casulo. Levei a lagarta com um pedaço da planta para os alunos.
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Árvore da qual foi retirada a lagarta |
Lagarta em processo de transporte - dentro de um recipiente de plástico com furos |
Com a ajuda da professora Miriam Milanelo, que cedeu o laboratório, o recipiente para o terrário, o papel filme, a terra e a luminária, construímos o terrário juntos. Alguns alunos até trouxeram outros animais como: tatu bola, piolho de cobra, formigas e lesma. Colocamos tudo no terrário com algumas mudinhas de plantas. Regamos e fechamos com papel filme.
Durante o processo, eles não observaram apenas a metamorfose da lagarta, mas conseguiram observar como funciona um ecossistema fechado. Além disso, a formação de gotículas de água nas paredes do terrário permitiu uma outra aula sobre o Ciclo da Água. Outra coisa que eles puderam observar foi a formação de fungos dentro do terrário, que para eles era apenas "um negocinho branco cheio de pelinhos". O papel da luminária, que funcionou como o Sol naquele ecossistema, também gerou uma série de questionamentos e levou os alunos a perceberem a grande importância desse astro para a vida na Terra.
Terrário pronto |
O experimento, que durou cerca de um mês, levou os alunos a se interessarem pela vida das borboletas e dos insetos em geral. Outra coisa que eu percebi foi a valorização dos animais por parte deles. Hoje, eles não tem coragem de matar uma formiguinha sequer.
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Pupa (casulo) formada após uma semana da implantação do experimento |
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Borboleta |
Para associar essa atividade com a alfabetização procurei propor momentos de escrita individual e coletiva de lista de bichos do terrário, dos materiais que foram utilizados, das fases da metamorfose. Li muitos textos científicos também a respeito das borboletas nos momentos de Leitura pelo Professor.
A avaliação dos pequenos será feita com base na participação deles e no registro que farão em duplas de tudo o que aconteceu. Será um verdadeiro relatório de experimento.
Aguardem futuras publicações com os resultados.
Espero que tenham gostado da ideia do projeto.
Assista no vídeo abaixo o exato momento em que a borboleta é libertada!
Agradecimentos:
Professora Miriam Milanelo - Professora de Ensino Fundamental II (Ciências)
Professora Eliana Pito Neves - Professora de Enino Fundamental I
Estagiária Beth
AVE Cláudia
Coordenadoras Pedagógicas Fabiana Venâncio e Rosana Romero
Direção - Sônia Parron, Maria Paula Vicentin e Miriam Fagundes
Alunos do 1° ano A
Texto, fotos e vídeos: Simone Brandão - Professora de Ensino Fundamental I
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